Empresário explica polêmica com Dedé - (André Pederneiras)

Por Eduardo Ferreira

Foto divulgação

Na última semana, André Pederneiras, líder da Nova União, reclamou de certas atitudes do empresário Thiago Okamura (relembre aqui). Responsável pelas carreiras de nomes como Roger Gracie, Rodrigo Damm, Assuério Silva e Yoshiyuki Yoshida (UFC), Thiago procurou a TATAME para responder as declarações de Pederneiras. Confira abaixo uma entrevista exclusiva com o empresário.

Conte um pouco como funciona o seu trabalho de agenciamento.

Tenho um sócio, com quem trabalho constantemente há cerca de quatro anos, chamado Shu Hirata. Ele é japonês, mas vive em Nova Iorque. Nósbasicamente dividimos os territórios e cada um fica responsável pelo relacionamento com atletas e eventos naquele determinado setor. Atualmente, ele cuida principalmente da América do Norte e Japão, enquanto eu cuido do Brasil e Europa.

Pessoalmente, acredito muito na sinergia. Acredito que um grupo trabalhando em conjunto gera muito mais do que a simples soma do trabalho que estes podem fazer individualmente. E é essa uma questão básica que eu utilizo no meu trabalho, acredito em dividir para atingir objetivos maiores. Nós também trabalhamos constantemente com outros managers mundo afora que consideramos parceiros e, sempre que temos uma oportunidade que não pode ser aproveitada por um de nossos atletas, acabamos encaminhando atletas de nossos parceiros para essas oportunidades. Da mesma forma que oferecemos oportunidades a eles, eles oferecem oportunidades a nossos atletas. Com isso nossos atletas têm representatividade em praticamente todos os mercados onde o MMA está se desenvolvendo.

Temos muito mais a ganhar unindo forças e dividindo os ganhos do que trabalhando independentemente. Graças a essas alianças, atletas que trabalham conosco têm acesso a oportunidades que dificilmente estariam ao seu alcance através de um manager que trabalha apenas o eixo Brasil-EUA-Japão. Além de cuidarmos da carreira de atletas, também trabalhamos com alguns outros serviços que, por consequência, geram benefícios a nossos atletas. Entre esses serviços, podemos citar a introdução de marcas de fightwear em novos mercados, captação de recursos para eventos, produção e desenvolvimento de produtos de fightwear, promoção e divulgação de eventos, produção de eventos, matchmaking, entre tantos outros.

Você mora em São Paulo, certo? Há quanto tempo você trabalha como manager?

Sim, sou Paulista nascido e criado na capital. Fazem cinco anos que aconteceram as primeiras lutas que negociei na vida. Antes disso era como tantos outros leitores da Tatame e frequentadores de fóruns de lutas na internet, apenas mais um fã do esporte com meus 18 anos de idade. A oportunidade veio graças a uma pessoa que teve uma influência tremenda na minha vida, um empresário brasileiro que morava na Suíça chamado Josef Borges. Ele viu potencial em mim e me deu uma oportunidade que mudou os rumos da minha vida. Naquele ano, ele não só me envolveu na negociação de três lutas no Cage Rage 8 (onde lutaram através de nosso trabalho Anderson Silva, Johil de Oliveira e Silvio Urutum), como me deu a estrutura para promover um evento na cidade de Campinas. Josef atualmente é o empresário da Chute Boxe para os mercados Americano e Europeu e esta parceria tem gerado belos frutos, como a recente vitória da Cris Cyborg sobre Gina Carano.

Quais os eventos que você tem uma boa relação?

O relacionamento com eventos é algo que é muitas vezes instável, especialmente por sermos  mediadores entre as desejos e direitos de um atleta e os interesses do evento. Sempre tentamos buscar um meio termo que agrade a todos, mas nem sempre é possível. Entre os eventos com que estamos trabalhando nos últimos tempos podemos citar no MMA: UFC, Strikeforce, WEC, Sengoku, Bellator, DEEP, Cage Force, Art of War (China), KSW (Polônia), K-1 Scandinavia (Suécia), Superior Challenge (Suécia), FightForce (Russia), Fite Nite (Costa Rica) além de muitos outros no Japão, EUA e Europa, que infelizmente não tem a estrutura para pagar passagens para atletas estrangeiros, mas com quem trabalhamos com atletas de nível regional. Temos um relacionamento bem interessante também com evento de Submission, como ADCC, e com a FILA, onde passei o começo do ano trabalhando na sede na Suíça, implementando uma nova plataforma de vídeo, e onde ajudei na organização do primeiro Mundial de Grappling, no ano passado.

Alguns empresários cobram 10% e outros 20% em cima da bolsa. Como você trabalha nessa parte?

Nós não generalizamos nem estabelecemos um padrão fixo para um atleta que passa a trabalhar conosco. Existem diversos fatores que influenciam no estabelecimento dessa cobrança, cada caso é um caso. Mas, no geral, sempre partimos de 20% de comissão sobre o valor liquido recebido pelo atleta. E caso o valor recebido pelo atleta seja menor que 1000 dólares, não cobramos nada. Como trabalhamos constantemente em parceria com outros managers, isso também acaba influenciando os valores que recebemos, assim como as comissões que eles têm de pagar a treinadores e equipes. Tentamos sempre chegar a um acordo de modo que o atleta não acabe prejudicado no final.

Quais são os atletas que você agencia hoje?

Nós representamos um número bem grande de atletas de diversos níveis de experiência e habilidade, entre os principais no MMA masculinos podemos destacar entre os atualmente sob contratos com organizações de maior porte:

- Roger Gracie (Strikeforce)

- Rodrigo Damm (Strikeforce/Sengoku)

- Assuerio Silva (Contratos em negociação)

- Yoshiyuki Yoshida (UFC)

- Dokonjonosuke Mishima (Atual campeão do DEEP)

- Takeya Mizugaki (WEC)

- Jameel Massouh (WEC)

- Dave Herman (Sengoku/Bellator)

- Dan Hornbuckle (Sengoku)

- Mamed Khalidov (Contratos em negociação)

- Norman Paraisy (Bellator)

- Daniel Tabera (Bellator)

- Sami Aziz (Bellator)

Além de dezenas de outros atletas que estão crescendo no esporte e logo mais devem estar em eventos de maior porte, e outros que já passaram por eventos de maior porte, mas não estão assinados neste momento. Somos também uma das únicas empresas de agenciamento a ter se especializado no mercado feminino de MMA. Infelizmente, o mercado para lutadoras de MMA está muito fraco nesse ultimo ano, mas podemos destacar:

Carina Damm

Hitomi Akano (Campeã do Smackgirl, antes do evento trocar de nome)

Cindy Dandois (acabou de vencer Marloes Coenen em sua estréia)

Romy Ruissen (campeã mundial de Grappling pela FILA, com e sem quimono)

Roxanne Modaferri (campeã do K-Grace e FFF)

Megumi Yabushita (Campeã do Smackgirl GP)

Quais são os pré-requisitos para um atleta trabalhar com você?

Não existe nenhum pré-requisito específico para um atleta trabalhar conosco. Mas como nosso trabalho em eventos brasileiros é mínimo, procuramos sempre atletas que estejam em condições de competir no exterior, pois somente assim eles poderão usufruir de tudo que podemos oferecer. Outro caso que tem funcionado bastante para nós são brasileiros residindo no exterior. Para estes, dentro do nosso modelo de trabalho, as oportunidades são em geral mais fartas que para os residentes no Brasil.

Se algum leitor se encaixar em algum desses perfis, entre em contato nos emails okamura@garoufight.com ou mmabrasil@terra.com.br. Estamos sempre à disposição para conversar sobre possibilidades de trabalho para atletas brasileiros.

O André Pederneiras nos concedeu uma entrevista alegando ter tido problemas com você. O que realmente aconteceu?

Aquele foi um caso muito complexo devido a uma série de problemas que tivemos durante o período pré luta, que acabaram levando aos problemas na saída do visto e no embarque do Sr. Pederneiras. Não acredito que seja o caso de entrar em detalhes, pois foi um desenrolar de eventos que se estenderam por mais de uma semana, mas posso dizer que em momento algum cancelei a passagem dele, nem pedi ao evento que o fizesse. A situação toda foi explicada para o Sr. Pederneiras naquele período, mas claramente a minha palavra não foi considerada. Relendo os emails trocados com o evento naquele período, a única coisa que o evento me pediu para cancelar foi o hotel dele, pois caso não fosse desfeita a reserva eles teriam que pagar as diárias mesmo que ele não chegasse a tempo. E, inclusive, nos foi cobrado pelo evento as taxas de troca de vôo do Sr. Pederneiras e algumas taxas do hotel que resultaram da situação.

Com todos os problemas, Pederneiras acabou chegando ao Japão dois dias depois de Aldo, mas este não estava desamparado neste período. Estava acompanhado de Fabrício Nascimento (também da Nova União) que estaria lutando pelo cinturão dos welterweights no mesmo evento, e Marlon Sandro, que havia ficado no Japão após fazer corner para Shaolin no K-1 Hero’s, que acontecera 11 dias antes do Pancrase. Então, na pior das hipóteses, Aldo ainda teria o amparo de dois colegas de equipe na sua luta. Acredito que o evento tenha aproveitado as reclamações de Pederneiras sobre os problemas que tivemos com o seu embarque para plantar algumas sementes de discórdia entre a Nova União e a minha equipe, coisa que esses promotores em questão voltariam a fazer em eventos seguintes, tentando levar nossos atletas a quebrar seus contratos com nossa empresa para assinarem contratos de representação com o evento. Mas isso são águas passadas, o Pederneiras fez algo após esse incidente que eu não achei correto, mas sei que dois errados não fazem um certo, então considero esse assunto encerrado. Sou um grande admirador do trabalho de José Aldo e por isso mesmo quis ajudar ele quando isso foi possível. Sou um fã do Junior, torço muito por ele e jamais faria nada para prejudicar a ele nem a nenhuma atleta.

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André Pederneiras

Tudo indicava que 2009 seria o melhor ano da equipe Nova União. Ao comparar com os dois anos anteriores, quando a equipe teve aproveitamento acima de 80%, o time de André Pederneiras já havia atingido no final de julho o seu melhor aproveitamento. Mas o mês de agosto foi negro para a Nova União, que viu seis atletas perderem em decisões polêmicas, o que resultou na queda de rendimento da equipe, na demissão de Thales Leites, e impossibilitou uma real chance de Dudu Dantas e Marlon Sandro conquistarem importantes cinturões para o Brasil. Depois desses acontecimentos, a ordem na equipe é uma só. “Nocautear ou finalizar, porque se a decisão for para os juizes o azar é certo”, sentenciou Pederneiras na entrevista que você confere a seguir.

Como estão os preparativos para mais uma edição do Shooto Brasil?

Como sempre a mil, está tudo indo bem, graças a Deus. Nesta edição teremos como novidade o desafio Brasil x Holanda e a disputa do titulo mundial.

Desde que você assumiu a presidencia do Shooto, a Nova União tem aumentado o seu percentual de vitórias e conseguido chegar a grandes eventos. Este ano, em relação aos dois últimos, como está o percentual de aproveitamento da equipe?

Até dois meses atrás estávamos com 89%, mas depois da sessão de seis lutas roubadas neste mês, caimos para 79%. É brincadeira o que os caras fazem com os atletas.

Nos últimos dois meses, a Nova União enfrentou alguns problemas com a arbitragem nas derrotas do Shaolin no Dream, do Hacran Dias no M-1, do Marlon Sandro no Sengoku, do Felipe Olivieri no Pancrase, do Dudu Dantas no Shooto japonês e o Thales Leites no UFC. A que você atribuiu isso?

Acho que cada uma teve seu problema, a do Hacran foi discarada ao ponto dos caras pararem o cronometro antes do tempo (20 segundos antes), quando ele estava com um kata-gatame encaixado. O Shaolin lutou com o cara que é mágico do chão japonês e que na hora mesmo só andou para trás e fugiu da luta no chão e quando foi para o chão só tomou soco na cara. Já o Marlon lutou contra o Omigawa e contra o Yoshida na hora da decisão, ai nã tinha como mesmo. O Dudu Dantas perdeu um ponto, que lhe tiraram a vitória, por colocar a mão na corda, mas isso sem ter tido a intenção de colocar a mão na corda. Foi muito injusto. O Thales eu prefiro nem comentar, gostaria de realmente saber qual foi a regra que os juizes usaram para avaliar aquela luta, se for andar para trás e fugir do chão, aí realemente o Sakara ganhou... A luta do Felipe eu ainda não vi, mas o Marlon falou que também foi discarado, ou seja, fomos roubados na cara dura.

Como mudar esse tipo de erro de arbitragem?

Em primeiro lugar eu acho que o que tem ser mudado é a mentalidade de beneficiar o lutador do país e em segundo colocar árbitros capazes de avaliar uma luta de MMA.

Por conta do nascimento do seu segundo filho, você acabou não acompanhando os seus atletas nestas lutas. Você acredita que, se você estivesse com eles, esse tipo de coisa não aconteceria?

Prefiro não pensar nisso, se não fico mais puto ainda.

Quais as providencias estão sendo tomadas pela equipe?

Agora a ordem é nocautear ou finalizar, porque se a decisão for para os juizes o azar é certo.

Como ficou a situação do Thales com o UFC? Você achou justa a sua demissão?

Ele realmente foi dispensado, acho que essa pergunta nem eles sabem responder, com certeza achei injusta.

Vimos uma nota publica no Portal do Vale Tudo onde você dizia que seus atletas não lutariam mais no Jungle do Wallid. O que realmente aconteceu?

Na verdade foi um grande mal entendido. Um aluno meu me disse que o Wallid ligou querendo agenciá-lo e dizendo para não me falar nada, mas depois esse meu aluno disse que tinha entendido errado o que o Wallid havia dito para ele. Mas já falei com o Wallid e tudo foi esclarecido.

Muitos criticam também o fato de você ser treinador e manager. Como administrar isso?

Ano retrasado meus alunos lutaram 61 vezes, ano passado 85 e este ano, até agora, 61 vezes. Me diz qual foi o manager que arrumou isso para alguma equipe. O Henrique Melo não lutou antes porque tinha um contrato com o Fury para lutar no Dream, coisa que não aconteceu. Com relação a não querer um manager fazendo isso, é mentira, porque trabalho com vários, o Mayumi no Japão, o Alex Souza na Inglaterra, o Marcelo Tetel já arrumou luta para o Luis Beição... Não ligo para isso, pelo contrário, quero mais que meus atletas lutem todo mês, quero managers que venham acrescentar e não atrasar. O senhor Tiago Okamura, que apareceu falando besteira no fórum do Portal, este, por exemplo, na luta do Aldo, ele cancelou minha passagem para que eu não fosse para o Japão, aí cheguei lá e falei que se dependesse dele para que meus alunos voltassem a lutar no Pancrase, eles nunca mais voltariam. Os meus continuam indo para lá e eles falaram que já tinham tido outros problemas com o senhor Tiago Okamura. Não seis quais e nem quero saber, mas estes eu realmente não quero perto dos meus atletas. Não tenho nada contra ninguém, só quero que me respeitem como a pessoa a ser procurada no momento do contato com os meus atletas, porque quem está ali todo dia com o atleta, desde o seu início, é o professor e não o empresário. Agora, se os empresários externos quiserem, estou cheio de faixas brancas com potencial esperando um empresário que acredite que eles um dia vão ser campeões.

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FONTE: http://www.tatame.com.br/2009/08/19/Andre-Pederneiras