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Editorial
Por que será que o brasileiro é tão crítico com seus ídolos? Por que aqui, mais que em qualquer lugar do mundo, nossos grandes ícones precisam matar um leão por dia para não serem esquecidos? Um bom exemplo, para ilustrar esta mentalidade esdrúxula, são os nossos vizinhos da Argentina. Por mais que Diego Maradona desse maus exemplos fora do futebol, nunca conseguiu apagar a admiração e reconhecimento de seu povo por tudo que fizera até então. Já o brasileiro... Basta Ronaldinho, o maior goleador da história das copas e, talvez, o maior exemplo de superação que temos no futebol, ser pego numa boate (quando estava contundido e nem podia treinar), para se transformar em vilão nacional. Se não tivesse dado sua quarta volta por cima, com muitos gols, no Corinthians, talvez ficasse marcado no imaginário nacional pela história do travesti.
No MMA, Minotauro e Wanderlei cansaram de ter suas biografias questionadas logo após as poucas derrotas que sofreram. Mas os últimos meses, sem sombra de dúvida, a bola da vez tem sido Anderson Silva, que mesmo depois de ter batido todos os recordes do UFC (nove vitórias consecutivas, sendo sete nocautes e duas finalizações, e cinco defesas de cinturão com vitória), passou a ser crucificado por não ter conseguido o nocaute contra Thales Leites (UFC 97), em abril.
A resposta de Anderson não poderia ser mais eloquente. Aceitando o desafio de enfrentar o ex-campeão da categoria de cima, Forrest Griffin, no UFC 101, o curitibano deu show e, após aplicar um knock down no americano, ajudou-o a levantar, baixou a guarda e o levou a lona com um jab certeiro a pouco mais de três minutos do primeiro round. Com esta atuação magistral, Anderson, de marrento-amarrão, voltou a ser considerado um gênio, a maior unanimidade do MMA.
Até quando irá durar a lua de mel? É difícil dizer, mas tomara que a lição sirva como auto-análise para aqueles que não sabem valorizar e respeitar nossos ídolos.
Além do maior passeio da história do UFC, trazemos ainda um preview da disputa do cinturão dos médios entre o ex-campeão do Pride, Maurício Shogun, e o atual campeão da categoria, Lyoto Machida. Ambos aceitaram nosso convite para bater um papo na sessão Mano a Mano, onde revelaram o que pretendem fazer para vencer a luta mais aguardada pelos fãs brasileiros dos últimos tempos.
E não é só entre os homens que o Brasil anda dominando o cenário. Como você vai ver a partir da página 48, Cris Cyborg não encontrou dificuldades para nocautear Gina Carano e roubar dela o cinturão do Strikeforce e o título de maior nome do MMA feminino do mundo
No Paredão desta edição, convidamos Royler Gracie, o maior competidor da história do Jiu-Jitsu, para relembrar sua carreira e nos contar a quantas anda sua nova vida na Califórnia. Para fechar a edição em grande estilo, Augusto Tanquinho apresenta na sessão Treino Aberto a sua defesa para a polêmica guarda 50/50
Marcelo Alonso
alonso@tatame.com.br
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Mano a mano
Depois de Thales Leites e Anderson Silva, os fãs de MMA terão a oportunidade de assistir a outro duelo entre lutadores brasileiros. Em sua primeira defesa de cinturão após nocautear Rashad Evans, Lyoto Machida terá pela frente o ex-campeão do GP do Pride, Maurício Shogun.
Bons tempos em que o mundo era dividido em dois grandes eventos (Pride e UFC) e os melhores atletas brasileiros podiam garimpar cinturões entre Estados Unidos e Japão sem a necessidade de se enfrentar (a exceção das arqui-rivais BTT e Chute Boxe). Com o fim do Pride e o início do monopólio do UFC, a realidade mudou e o detentor da cinta do UFC passou a ser o campeão mundial da modalidade. Como os melhores lutadores de MMA do mundo estão no Brasil, era questão de tempo que os confrontos entre brasileiros pela briga do cinturão do UFC passasse a ser mais comum, afinal de contas o MMA é um esporte profissional...
SHOGUN RESPONDE A LYOTO
Como você encarou as críticas na vitória sobre o Coleman?
Na verdade, sempre vejo as críticas como uma coisa para superar, treinar e correr atrás do prejuízo. Sei que meus fãs às vezes pegam pesado, mas eles falam isso para o meu bem. Uma galera falava do Coleman, que ele ia ganhar de mim e não sei o que. Depois que ganhei, eu que lutei mal, mas tá tranqüilo. Só quero ver se o cara que lutar com o Coleman agora o nocauteia rapidinho...
Como você se sentiu quando te propuseram fazer uma luta comigo?
Na verdade, eu não esperava essa luta, eu achei que ia ser com o Rampage, tudo indicava isso, mas o Ultimate mudou e me disse que você seria o meu adversário. No início eu pensei: "poxa! Isso não estava na minha programação", mas eu sabia que um dia nós íamos nos enfrentar, porque a gente está no mesmo circuito, no mesmo evento...
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Paredão Royler Gracie
Único Gracie a enfrentar três gerações dentro dos tatames, Royler tem uma das biografias mais respeitadas da história do Jiu-Jitsu. Além de quatro títulos mundiais na modalidade, três títulos do ADCC, sendo eleito por duas vezes o atletas mais técnico da competição, o filho do mestre Hélio fez história também no Vale-Tudo, onde defendeu o nome de sua família em momentos marcantes, como as duas lutas contra Eugênio Tadeu e o histórico confronto contra Sakuraba no Pride.
Depois de passar 25 anos dividido entre as aulas na Academia Gracie e as competições, Royler decidiu, aos 43 anos, dar um novo rumo a sua vida e se mudou no ano passada para San Diego, na Califórnia, com a esposa e a mais nova das quatro filhas. O paredão a seguir é resultado de horas de bate-papo nos bastidores do Art of War, na China. Na oportunidade, Royler falou sobre a nova vida, relembrou os principais momentos da carreira e analisou o futuro da arte-suave e do MMA.
Como e por que você decidiu se mudar para os EUA?
Eu adoro o Brasil, sou um dos últimos moicanos a sair do Brasil. Há 18 anos eu morei em Los Angeles , fiquei um ano lá, não gostei do estilo de vida e resolvi voltar. No ano passado estive em San Diego e gostei muito do estilo de vida lá, muito parecido com o Rio, por isso decidi me mudar para La Jolla.. .
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UFC 101
Espetacular, incrível, humilhante... É difícil encontrar adjetivos que definam com clareza o passeio que o campeão dos médios, Anderson Silva, deu no octagon do UFC 101. Diante de Forrest Griffin, ex-campeão dos meio-pesados, que já tinha batido grandes nomes como Quinton Jackson e Maurício “Shogun”, o curitibano mostrou que definitivamente está no topo do MMA. Sob vaias, o brasileiro baixou a guarda, pediu para Forrest bater, ofereceu ajuda para ele se levantar, aplicou knock downs e, num jab simples, quase displicente, nocauteou aquele que seria o seu maior desafio. Detalhe: tudo isto aconteceu em apenas três minutos e 23 segundos.
“Foi tudo tranquilo”, garante o campeão, com a calma de quem acaba de nocautear aquele que um ano antes ocupava o topo da categoria – e fazendo isso com uma simplicidade assustadora...
ELOGIOS DE TODOS OS LADOS
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Strikeforce
No século 20, as mulheres se rebelaram contra o preconceito machista que as colocavam em segundo plano em todas as áreas. Com o feminismo, as mulheres ganharam cada vez mais espaço, e no MMA não foi diferente. Quatro anos e nove lutas depois de estrear como lutadora profissional, Cris Cyborg alcançou o maior sonho da sua carreira, disputar – e vencer – o primeiro cinturão feminino de um grande evento, no show americano Strikeforce. “A primeira coisa que fiz foi agradecer a Deus, não dava pra acreditar... A ficha ainda não caiu! Não sabia se chorava ou se ria de emoção”, revela Cris, que nocauteou a então invicta Gina Carano a um segundo do fim do primeiro round.
Quando pisou pela primeira vez em um ringue, em 2005, a atleta da Chute Boxe não foi muito bem, sendo finalizada por Erica Paes. A partir daí, Cris mostrou porque se tornaria, anos depois, a maior lutadora do mundo, vencendo quatro edições seguidas do Storm e embarcando rumo aos Estados Unidos, onde venceu mais quatro lutas...
CRIS QUER MAIS
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Bate-papo com Josh Hedges
Você pode não conhecer Josh Hedges, mas conhece muito bem o seu trabalho. Fotógrafo oficial do UFC desde a edição de número 24, ele é o único autorizado a fotografar por cima da grade e, no dia seguinte, tem a função de distribuir suas melhores imagens para todas as mídias especializadas do mundo. Foram mais de 150 coberturas, que provavelmente renderam centenas de capas ao redor do planeta. Fã de Susumu Nagao, considerado por muitos o maior fotógrafo do MMA, Josh Hedges nos concedeu uma entrevista exclusiva onde contou um pouco de sua história, como entrou no UFC, seu melhor e pior momento na carreira, as melhores fotos que já tirou no octagon e revelou que gostaria de ver a revanche entre Wanderlei Silva e Vítor Belfort. Confira o bate-papo a seguir.
Quando e como você começou a trabalhar como fotógrafo?
Eu sempre me interessei por fotografia desde criança. Sempre tirei fotos de tudo o que fiz – viagens em família, jogos de baseball, partidas de tênis e outras coisas. Quando comecei a acompanhar MMA, estava no primeiro ano da faculdade. Um dos nossos projetos da faculdade era construir um site, e escolhi o MMA como foco do meu. Após terminar a matéria, melhorei o site e deixei disponível para o público. Depois, ele virou ufighting.com, que era naquela época um dos sites de MMA mais populares...
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